segunda-feira, 21 de novembro de 2016

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

São consideradas religiões afro-brasileiras, todas as religiões que foram trazidas para o Brasil pelos negros africanos, na condição de escravos. Ou religiões que absorveram ou adotaram costumes e rituais africanos.
Em vários estados brasileiros estas religiões adotaram práticas e denominações diferentes, como: Babaçuê: Maranhão e Pará; Batuque: Rio Grande do Sul; Cabula: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina; Culto aos Egungun: Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo; Culto de Ifá: Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo; Encantaria: Maranhão, Piauí, Pará e Amazonas; Omoloko: Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo; Pajelança: Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas; Tambor-de-Mina: Maranhão e Pará; Terecô: Maranhão; Xambá: Alagoas e Pernambuco; Xangô do Nordeste: Pernambuco. Porém o Candomblé, a Umbanda e a Quimbanda, são praticados em todos os estados do Brasil
Como vemos, as religiões afro-brasileiras possuem vários termos que são usados para designar iniciação. Cada uma das religiões tem seus termos próprios, iniciação, feitura, feitura de santo, raspar santo, são mais usados nos terreiros. No Culto de Ifá e no Culto aos Egungun usam o termo iniciação porém os preceitos são diferentes das outras religiões
Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos africanas. Por isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar as suas concepções através dos símbolos. Na tentativa de catequizar os negros, os europeus promoveram uma grande mistura que resultou nas hoje chamadas de religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, fruto da inter-relação de culturas.
 Antes da abolição da escravatura em 1888, os negros escravizados fugidos das fazendas, reuniam-se em lugares afastados nas florestas em agrupamentos ou comunidades chamadas quilombos, depois da libertação, os africanos libertos reuniam-se em comunidades nas cidades que passaram a chamar de candomblé. Candomblé é o nome genérico que se dá para todas as casas de candomblé independente da nação. A palavra candomblé a princípio era usado para designar qualquer festa dos africanos, teria sua origem nas línguas bantu da palavra Candombe que no Uruguai é um ritmo musical afro-uruguaio que deve existir também em outros países que receberam escravos africanos.
 As principais religiões afro-brasileiras, o candomblé e a umbanda tem forte penetração no país, especialmente em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e na Bahia. Em 1991, existiam quase 650 mil adeptos, de acordo com o censo do IBGE. Estudiosos dessas religiões estimam que quase um terço da população brasileira frequenta um centro. Esse número inclui tanto os frequentadores assíduos quanto os esporádicos, que muitas vezes estão ligados também a outras religiões.
Candomblé - Religião afro-brasileira que cultua os orixás, deuses das nações africanas de língua ioruba dotados de sentimentos humanos como ciúme e vaidade. O candomblé chegou ao Brasil entre os séculos XVI e XIX com o tráfico de escravos negros da África Ocidental. Sofreu grande repressão dos colonizadores portugueses, que o consideravam feitiçaria. Para resistir, o negro buscou, através de formas simbólicas, alternativas que camuflassem seus deuses a fim de preservá-los da imposição da igreja católica. Assim, o sincretismo foi uma forma de defesa do negro e não a incorporação da religião negra à religião predominante. Os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos, por exemplo, Iemanjá é associada a Nossa Senhora da Conceição; Iansã, a Santa Bárbara, etc.
 

 As cerimônias ocorrem em templos chamados territórios. Sua preparação é fechada e envolve muitas vezes o sacrifício de pequenos animais. São celebrados em língua africana e marcadas por cantos e o ritmo dos atabaques (tambores), que variam segundo o orixá homenageado. No Brasil, a religião cultua apenas 16 dos mais de 300 orixás existentes na África Ocidental.
Alguns povos bantos eram adeptos do candomblé e foram seus introdutores no país. Atualmente, existem poucas casas de candomblé puro no Brasil, concentradas principalmente na Bahia. Por outro lado, o candomblé de caboclo e a cabula, outra variante do candomblé, tornaram-se as raízes remotas da umbanda, o mais difundido culto afro-brasileiro, no Rio de Janeiro.
No candomblé o período de iniciação é de no mínimo sete anos, se inserem os rituais de passagem, que indicam os vários procedimentos dentro de um período de reclusão que geralmente é de 21 dias (podendo chegar a 30 dias dependendo da região), o aprendizado de rezas, cantigas, línguas sagradas, uso das folhas (folhas sagradas), catulagem, raspagem, pintura, imposição do adoxú e apresentação pública, é individual e faz parte dos preceitos de cada pessoa que entra para a religião dos orixás.
A princípio, nessas cerimônias, tem que haver o desprendimento total, na iniciação deve-se morrer para renascer com outro nome para uma nova vida, no candomblé Ketu o Orunkó do Orixá (só dito em público no dia do nome), no Candomblé bantu além do nome do Nkisi (jamais revelado), tem a dijína pelo qual será chamado o iniciado pelo resto da vida.
Quando uma pessoa iniciada morre é feito o desligamento do Egum, Nvumbe na cerimônia fúnebre e no Axexê, conhecido pelos nomes de sirrum e zerim, que varia dependendo do grau iniciático do morto. Dependendo da nação ou linha de candomblé, os candomblés tradicionais não fazem a princípio contato com espíritos através da incorporação para consultas, é possível mas não é aceito.
Já o candomblé de caboclo tem uma ligação muito forte com caboclos e exus que incorporam para dar consultas, os caboclos são diferentes da Umbanda. E existem os candomblés cujos pais de santo eram da Umbanda e passaram para o candomblé que cultuam paralelamente os Orixás e os guias de Umbanda.
No Candomblé, todo e qualquer espírito deve ser afastado principalmente na hora da iniciação, para não correr o risco de um deles incorporar na pessoa e se passar por orixá, o Iyawo recolhido é monitorado dia e noite, recorrendo-se ao Ifá ou jogo de búzios para detectar a sua presença. A cerimónia só ocorre quando este confirma a ausência de Eguns no ambiente de recolhimento.
Afastam todo e qualquer espírito (egun), ou almas penadas, forças negativas, influências negativas trazidas por pessoas de fora da comunidade. Acredita-se que pessoas trazem consigo boas e más influências, bons e maus acompanhantes (espíritos), através do jogo de Ifá poderá se determinar se essas influências são de nascimento Odu, de destino ou adquiridas de alguma forma.
Os espíritos são cultuados, nas casas de Candomblé, em uma casa em separado, sendo homenageados diariamente uma vez que, como Exu, são considerados protetores da comunidade.

Umbanda - Religião brasileira nascida no Rio de Janeiro, nos anos 20, da mistura de crenças e rituais africanos e europeus. As raízes umbandistas encontram-se em duas religiões trazidas da África pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candomblé, na nação nagô. A umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, os guias, que entram em contato com os homens por intermédio de um iniciado (o médium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto-velho e a pomba-gira. Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a identificação de orixás com santos. Outra influência é o espiritismo kardecista, que acredita na possibilidade de contato entre vivos e mortos e na evolução espiritual após sucessivas vidas na Terra. Incorpora ainda ritos indígenas e práticas mágicas europeias.
 
Na Umbanda e Quimbanda não incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo propriamente dita, uma vez que não incorporam Orixás incorporam os Flandeiros de Orixás, usa-se o termo fazer a cabeça onde pode existir a catulagem e pintura, porém a cabeça não é raspada completamente, e não tem imposição do adoxú. A reclusão nesses casos é de três a sete dias, é feita a instrução esotérica, aprendizado das rezas e pontos riscados e cantados, e é feita a apresentação pública.
De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Doutrina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda branca", e que não tem nenhuma ligação com o Candomblé, o Xambá, o Xangô do Recife ou o Batuque. Embora popularmente se acredite que estas últimas sejam um tipo de "espiritismo", na realidade trata-se de religiões iniciáticas animistas, que não partilham nenhum dos ensinamentos relacionados com a Doutrina Espírita. Entretanto, outros segmentos da Umbanda podem ter algumas semelhanças com a Doutrina Espírita, mas também com o Candomblé por causa da figura dos Orixás.
No tocante especificamente ao Candomblé, crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns), e na existência de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados coletivamente), não materializam; caso não divinizados (os Egungun), materializam em vestes próprias para estarem em contato com os seus descendentes (os vivos), cantando, falando, dando conselhos e auxiliando espiritualmente a sua comunidade. Observa-se que o conceito de "materialização" no Candomblé, é diferente do de "incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita.
Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão consulta ao público assistente, mas podem eventualmente falar com membros da família ou da casa para deixar algum recado para o filho. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá, (oráculo) e merindilogun. Existem Orixás que já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogun, Oxossi, viveram e morreram, os que fizeram parte da criação do mundo esses só vieram para criar o mundo e retiraram-se para o Orun, o caso de Obatalá, e outros chamados Orixá funfun (branco).
Existem as árvores sagradas que são as mesmas das religiões tradicionais africanas onde Orixás são cultuados pela comunidade como é o caso de Iroko, Apaoká, Akoko, e também os orixás individuais de cada pessoa que é uma parte do Orixá em si e são a ligação da pessoa, iniciada com o Orixá divinizado. Ou seja uma pessoa que é de Xangô, seu orixá individual é uma parte daquele Xangô divinizado com todas as características, ou como chamam arquétipo
Há muita discussão sobre o assunto: uns dizem que o Orixá pessoal é uma manifestação de dentro para fora, do Eu de cada um ligado ao orixá divinizado, outros dizem ser uma incorporação mas é rejeitada por muitos membros do candomblé, justificam que nem o culto aos Egungun é de incorporação e sim de materialização. Espíritos (Eguns) são despachados (afastados) antes de toda cerimônia ou iniciação do candomblé.

domingo, 20 de novembro de 2016

Como a gordura é armazenada no corpo e como queimá-la

Segundo dados do Ministério da Saúde, 51% da população brasileira com mais de 18 anos está acima do peso ideal. No entanto, ainda há muitas concepções incorretas sobre a gordura e alguns desses enganos podem atrapalhar seu esforço para perder peso.

Gordura corporal
A gordura corporal pode ser considerada “energia potencial”. As calorias presentes na comida que ingerimos são um combustível. Depois que as calorias entram na corrente sanguínea. Este combustível é queimado em vários processos metabólicos. Isso inclui a atividade muscular, digestão, respiração, funções cerebrais, crescimento dos cabelos etc. Resumindo, o básico para nossa sobrevivência.
Algumas vezes consumimos mais calorias do que o corpo consegue queimar. Quando isso acontece, o corpo pega essas calorias que sobraram e guarda nas células de gordura, chamadas células adiposas. Elas se expandem à medida que coletam mais combustíveis, e encolhem quando você usa um pouco dessa energia.
Quando a energia potencial é estocada dentro das células adiposas, ela não está pronta para ser usada como antes, quando circulava pela corrente sanguínea. Então passa por uma conversão química que guarda a energia de maneira mais eficiente, mais ou menos como um arquivo.zip, deixa a energia mais compacta e fácil de armazenar, mas o conteúdo em si tem o acesso dificultado. Quando chega a hora de tirar a energia dessas células, outra conversão química se inicia para deixá-la pronta para uso.

Como se queimada gordura
A matéria não pode simplesmente aparecer ou desaparecer, ela passa por reações químicas e muda de estado. As mitocôndrias são o centro de energia da célula. Nos músculos ou fígado, elas tiram um pouco de gordura (estocada como triglicérides) das células adiposas e a colocam num processo metabólico que a transforma em calor, dióxido de carbono, água e ATP (trifosfato de adenosina). 
Calor: A energia térmica tem uma importância crucial na manutenção da sua vida. O corpo se mantém sua temperatura em cerca de 37°C, queimando calorias. Quando estamos com frio, queimamos bem mais calorias para permanecer quente. 
ATP: nós precisamos de ATP para fazer os músculos funcionarem. Nossa principal fonte imediata de energia é produzida quando quebramos uma molécula de fosfato do ATP, o que fornece uma pequena explosão de energia nos músculos. O ATP se torna, então, ADP, e não pode ser usado novamente até que ele pegue outra molécula de fosfato. 
Dióxido de carbono: Sempre que queimamos alguma coisa, isto reage e forma dióxido de carbono. Vale para a gasolina, vale para a gordura corporal. O dióxido de carbono irá viajar pela corrente sanguínea até os pulmões, onde eles serão expelidos.
Água: Você vai urinar a água formada no processo.

As eternas células adiposas
Quando perdemos peso, não perdemos nenhuma célula de gordura. O corpo humano possui, em média, entre 10 bilhões e 30 bilhões de células adiposas, e elas estarão para sempre lá. Mas se você ganhar mais peso pode produzir mais células adiposas e, de novo, não podemos perdê-las. A única exceção é a lipoaspiração, que remove fisicamente as células. Então como é que se perde peso?
As células de gordura agem mais ou menos como balões. Quando você perde peso, faz encolher as células adiposas, “desinflando os balões”. Pode reduzi-las até que estejam praticamente vazias, mas elas sempre estarão lá esperando para ser reabastecidas.
A gordura adora andar com mais gordura. Como ela e os músculos são basicamente inimigos, suas células adiposas tentam causar erosão das células musculares. O pior é que, enquanto a maioria da gordura fica debaixo da sua pele, a mais perigosa se acumula ao redor dos seus órgãos internos. É por isso que a gordura abdominal é mais problemática do que nas outras áreas do corpo.
A gordura, chamada de gordura visceral, é metabolicamente ativa, e expele produtos bioquímicos que aumentam o risco de ataque cardíaco, derrame, insuficiência hepática, diabetes e pressão alta. Além disso, a gordura visceral inibe a produção de um hormônio muito importante, chamado adiponectina, que regula o metabolismo do seu corpo. Em outras palavras, quando mais gordura visceral você acumula, mais lentamente seu metabolismo irá funcionar, ou seja, mais fácil você armazenará gordura. É um ciclo difícil de quebrar.

Como as calorias são queimadas
Como a gordura corporal é composta basicamente por calorias estocadas, o jeito mais conhecido para perder peso é queimar mais calorias do que você está ingerindo. O exercício físico é só um pedacinho da queima de gordura.
Há três categorias de processos responsáveis pela queima metabólica. Entre 60% e 70% das calorias queimadas por dia são processadas apenas por você estar vivo. Isto não tem nada a ver com se mexer. Nada. É a chamada taxa metabólica basal. Outros 10% a 15% são queimados pelo simples ato de digerir o que você come, o chamado metabolismo digestivo. Estes dois representam entre 70% e 85%, tudo isso mal tendo que mover um dedo. Os últimos 15% a 30% vêm da atividade física, seja na forma de malhação (termogênese associada a exercícios, ou EAT) ou apenas por andar pelo seu apartamento (termogênese de atividades que não são exercício, ou NEAT).

Queimando as calorias
Como vemos, entre 60% e 70% a queima de calorias está ligada ao nosso metabolismo em estado de repouso. Então podemos aumentar o nosso metabolismo interno. A solução mais simples é acrescentar músculos. O tecido muscular, em repouso, queima de duas a três vezes mais calorias que o tecido adiposo. Exercícios aeróbicos são importantes para sua saúde e condicionamento físico, não se engane. Mas se sua meta é queimar gordura, concentre-se um pouco mais em musculação e em exercícios calistênicos, que usam o próprio peso do corpo como resistência. Isto provavelmente trará resultados melhores e mais rápidos. Não porque isto queime mais calorias enquanto você os pratica, mas porque isto queima mais calorias o tempo todo.
Depois disso, vamos ver a alimentação. Lembre-se, entre 10% e 15% da sua queima metabólica vem da simples digestão da comida. Se você quer aumentar isso, pode adicionar mais proteínas magras ao que você come. A digestão de proteínas queima entre duas a três vezes mais calorias do que a dos carboidratos ou da gordura. Além disso, mesmo que toda caloria consumida (seja ela tirada de proteína, carboidrato ou gordura) possa ser estocada como gordura, o corpo estoca mais prontamente a energia obtida da gordura consumida. Dito isso, uma dieta equilibrada é extremamente importante para se manter saudável, e mais uma vez: se você quer perder gordura, deve consumir menos calorias do que gasta.
Por fim, o componente dos exercícios (entre 15% e 30% do seu metabolismo). Quando você se exercita numa intensidade menor, está queimando mais calorias que são obtidas da gordura; por outro lado, em exercícios de mais intensidade, a maioria das calorias queimadas vem dos carboidratos mais prontamente disponíveis, que são os que você consumiu recentemente.
Dois terços das calorias que você queima não têm nada a ver com exercícios; mas isso só acontece se você consegue criar um déficit calórico. E você consegue isso muito mais facilmente com exercícios de alta intensidade e intercalados. Isso simplesmente queima muito mais calorias, então você tem uma perda de gordura muito maior. Mesmo que os exercícios mais lentos, tecnicamente retirem mais calorias da gordura durante o exercício, os exercícios de alta intensidade vão queimar mais calorias no total, o que resulta em mais calorias retiradas das reservas de gordura com o tempo, o que vai reduzi-las mais. Além disso, exercícios de alta intensidade tonificam mais os seus músculos. E, novamente, mais músculo resulta em um metabolismo mais ativo, e isso acaba queimando gordura mais rápido.

Virus Zika

Em abril de 2015, o vírus zika foi identificado pela primeira vez no Brasil, quando seu material genético foi encontrado em oito pacientes do Rio Grande do Norte. No fim do mesmo ano, o número elevado de bebês nascidos com microcefalia (má formação rara na qual os bebês nascem com o crânio de tamanho menor do que o normal) fez com que o Ministério da Saúde confirmasse a relação entre o vírus e o surto de microcefalia que atingia o Nordeste do país. Em fevereiro de 2016, o aumento das infecções no país levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar o surto como emergência mundial de saúde pública.
Até o momento, o Brasil tem 1 168 casos confirmados de microcefalia, de acordo com o último informe do Ministério da Saúde. Contudo, pouco ainda se sabe sobre a biologia e o mecanismo de ação do microrganismo. O vírus zika foi detectado pela primeira vez, em 1947, em macacos da floresta de Zika (daí seu nome), em Uganda, na África. Ele pertence à família Flavivírus, a mesma da dengue e da febre amarela, e tem sua transmissão feita pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, assim como o vírus da dengue e chikungunya. Antes de chegar ao Brasil, o vírus causou um surto em 2007, na pequena ilha de Yap, na Micronésia e, em 2013, novos registros da doença surgiram na Polinésia Francesa, que teve 8.264 casos suspeitos. Acredita-se que ele chegou ao Brasil trazido por religiosos da Polinésia que acompanharam a visita do Papa Francisco, em 2013, ou durante a Copa do Mundo, em 2014. No país, possivelmente causou o maior número de infecções desde que foi identificado. Os especialistas ainda não sabem o número exato de casos de zika no país, pois a única maneira de saber se alguém teve zika é pelos testes de biologia molecular (PCR), que detecta o vírus só até cinco dias depois do início dos sintomas. Além disso, em 80% dos casos, a infecção pelo zika pode não apresentar sintoma algum.
No início deste mês, pesquisadores americanos conseguiram revelar a estrutura exata do vírus, um importante passo para o combate do vírus - ele poderá ajuda no desenvolvimento de um diagnóstico confiável, um tratamento e, possivelmente, uma vacina para o zika.
Além da microcefalia, existe uma possível relação do vírus com a síndrome Guillain-Barré. A transmissão por meio de fluidos, como saliva e urina, e pelo ato sexual é uma hipótese ainda não comprovada pelos cientistas.